LIVROS

 

O ARMAZÉM E OUTRAS ESTÓRIAS

Edição limitada em Papel, 2015 / Edição em Ebook, 2013

 

 

 

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Com temas muitos distintos, que vão do amor, à solidão, à velhice, ao sexo, à morte, à amizade, à unreality TV até ao fantástico,  “O Armazém e Outras Estórias” revela-nos a ansiedade e a insegurança que temos connosco próprios, que jamais ousaremos contar a alguém, e a certeza que estamos sozinhos mesmo quando rodeados pelos nossos mais queridos.

São 18 estórias escritas numa perspectiva individual e intimista, ilustradas por João Raposo. As ilustrações são um convite à continuação de cada estória na cabeça do leitor.

A colectânea com 18 contos e 18 ilustrações está disponível em Ebook nas principais lojas online para ler comodamente no seu tablet, computador, smartphone, iPad/iPhone ou Kindle e em edição limitada em papel, nas principais livrarias.

Em “O Armazém e Outras Estórias”  pratica-se um requintado exercício de voyeurismo dos costumes, num desfile de fantasias, anseios, equívocos, manias e pequenos milagres que povoam o quotidiano de personagens maioritariamente anónimas. Num estilo fotográfico e linguagem elegantemente despudorada dá-se corpo a um universo que pode ser tão hilariante e patético, ou terno e improvável, quanto a vida de cada um de nós.

Entre alguns dos contos mais emblemáticos destacam-se “A confidente” – o que poderá levar um indivíduo com fobia social que viaja numa carruagem do metro a sentir-se seguro para partilhar as suas angústias? –; “A porca”, em que um caso de amor alternativo tem um desfecho inesperado; e “Roy Blue está na cidade”, o qual revela o que mais se poderá ter, além de fama, para deixar a nossa marca no mundo.

 

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Um dos contos, Roy Blue está na cidade, está disponível para descarga gratuita. Clique aqui para receber o seu Econto oferta.

 

 

“O ARMAZÉM E OUTRAS ESTÓRIAS” EM POUCAS LINHAS

  1. O ARMAZÉM
    Uma visita inusitada a um grande e estranho armazém de compras.
  2. A CONFIDENTE
    E se de repente confiasse a sua vida a um estranho que viaja a seu lado no metro?
  3. NÃO TE VI
    Duas amigas que têm muita vontade de se ver mas que efectivamente não se vêem.
  4. A LUZ
    Será possível defendermo-nos e prevenirmo-nos contra a chegada da morte?
  5. A PORCA
    Um amor inconfessável.
  6. AMO-VOS MUITO
    A história de um pai que se sente tão longe da sua família e que, por isso, não se consegue manter por perto.
  7. NÃO É PARA TE METER MEDO
    A sugestão do medo é bem mais forte do que realmente temos a recear.
  8. ELES VÃO VER NA SEGUNDA-FEIRA
    O trabalho come a alma.
  9. NADA DE PESSOAL
    O que haverá de mais valioso do que os nossos detalhes individuais?
  10. ESTA CIDADE É PEQUENA DE MAIS
    Poderemos repetir uma pessoa e não a reconhecermos na cama?
  11. O QUE DIZEM OS BÚZIOS
    Um vidente tem a coragem de dizer a verdade que não queremos (ou não estamos preparados para) saber.
  12. JÁ NÃO HÁ ANIVERSÁRIOS
    E se os nossos amigos estivessem todos a morrer?
  13. OS CABELOS RUIVOS
    Depois de um acidente de viação, um homem vê-se envolvido numa experiência que não sabe se é realidade ou ficção.
  14. NOVE CENTÍMETROS
    O que é que acontece quando um actor de filmes pornográficos é deixado pela namorada?
  15. ROY BLUE ESTÁ NA CIDADE
    Um músico de jazz termina a sua digressão europeia em Lisboa.
  16. PRECISO DO MEU ANÃO
    Uma mulher sonha com um anão que se vai tornando tão real e necessário na sua vida ao ponto de não o conseguir dispensar do seu dia a dia. Acordada ou a sonhar.
  17. O DIA EM QUE FIZ AMIZADE COM O MEU PÉNIS
    Como lidará um homem com a verdade clínica de ter um micropénis?
  18. QUEM QUER SER ESCRITOR?
    A irrealidade dos concursos televisivos torna candidatos em escritores.

 

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LAU MIM

Temas e Debates, 2003

 

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Este é um romance tão sério como cómico que nos leva ao universo caótico e mutante de Laura Maria (mais conhecida por Lau), uma rapariga de “quase dezasseis anos”, como insiste em dizer, que, embora não escape à regra, recusa considerar-se uma adolescente típica.

Perturbada com as mudanças no seu corpo (as maminhas que crescem anarquicamente) e as sensações novas com as quais ainda não aprendeu a lidar (a dualidade Laura-Suave e Maria-Camionista), Lau Mim não quer apaixonar-se, mas não resiste ao amor, não quer ser adulta, mas detesta que a tratem como uma criança, escolheu viver um dia de cada vez, mas não deixa de preocupar-se com a inevitabilidade da morte e a certeza de que tudo tem um fim. Uma visão fantasticamente lúcida e divertida do que é ser-se adolescente nos dias de hoje.

 

Excerto:
“Olho-me insistentemente ao espelho. Serei feia ou bonita? Não conto o tempo que me olho, é imensurável. Agora sou feia, descobri uma borbulha, se bem que ínfima e provavelmente só passível de ser observada através de lupa, mas que é, em todo o caso, uma borbulha. Ali, à distância de um palmo, detecto um ponto negro, bem no centro da testa. Talvez tenha descoberto o meu terceiro olho, caso acreditasse numa visão holística, o que está fora de hipótese. É unicamente um ponto negro. Pequeno, mínimo, ínfimo, mas que, seja como for, não deixa de ser um ponto negro. Feio, de ponta arredondada e preta. Concentro-me agora nos antípodas, nos meus pés cor-de-rosa, gorduchos como leitões. Os dedos formam o nariz de um reco, grunhem e fazem abanar a cauda, situada no calcanhar, por reflexo condicionado. Ronc, ronc, fazem enquanto lhes acaricio a penugem rosa imaginária. Prossigo a minha jornada, já por outra parte – que nada tem a ver com os pequenos seres de olhos em forma de unhas e com pêlos do dedo grande como pestanas -, os tornozelos, ossudos, proeminentes, como se pertencessem a outro corpo, como aqueles bonecos dos livros para crianças, em que se pode misturar uns pés de um corpo com as pernas de outro qualquer. Assim surgem os meus tornozelos, secos, por oposição à suavidade dos meus dois pés porquinhos. Depois, novamente a suavidade sob a forma curvilínea das coxas e da barriga das pernas, que se unem e formam um todo harmonioso, belo. Agora sou bonita. Avanço instintivamente para a macieza das nádegas, para o sulco elíptico que as separa. Divido-as com a minha mão, em corte. Rodo a mão passando pela penugem, que não vejo, mas que sinto, e insisto em ver. Ponho-me de cócoras sobre um espelho e lá está, a grande fenda, húmida, sombreada de escuro. Esconde-se de mim como um molusco. Entreabro-a. Detecto uma forma em todo semelhante ao palato da boca, mas que não é bem igual. Será mais alienígena, estranha. Afloro-a com os dedos, molhando-os de um suco glutinoso, brilhante. Sigo o meu roteiro, passando por um pequeno canal, que me expele e não se deixa tocar. Atento-me na epiderme avermelhada, que se vai atenuando em degradé até a uns rosas pálidos, à medida que se torna una com a pele da púbis. Pouso o dedo numa saliência hirta. Testando-a com paciência, apertando-a, rodeando-a, beliscando-a ao de leve. Pouso o meu olhar no espelho, lá em baixo no chão. Os meus seios anárquicos estão zangados, cada um para o seu lado. Um defende a anarquia total -quase que lhe desenho um A revestido por um círculo- e o outro a organização do caos. A jusante, o ventre. Liso que esconde um umbigo fundo, acossado. Deixo de pensar se serei bonita ou se serei feia. Vejo-me no meu próprio corpo. Sou eu. ”

 

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2001, INSTANTÂNEOS DE SAPO

Oficina do Livro, 2001

 

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Sapo, Pedro Sapo, tem 28 anos e é professor de semiótica. 2001, Instantâneos de Sapo são polaroids da vida de Sapo, tiradas na 1ª pessoa. Ao longo de um ano e meio, num tom semiconfessional, vai-nos revelando como se relaciona com o seu mundo,  um universo essencialmente urbano, hilariante e ecléctico.

 

O que as personagens pensam de Sapo e suas polaroids:

“O gajo tem a mania que tem piada…”
HÉLDER C., personagem melga

“Podia-me ter deixado falar mais, o malandrinho…”
MARTA, amiga íntima

“O tipo é genial, mas também há que ter em conta que sou amigo há uma data de anos.”
ALEX, amigo de infância

“Podia estar mais à vontade comigo. Afinal não lhe ligo peva.”
CHICO NUNO, amigo pessoal da Marta

“Gostei das polaroids, por supuesto… mas não deixo de pensar que se centrou demasiado nos meus atributos físicos.”
SÓNIA, amiga do peito

“Devia ter comprado mais prendas na minha loja.”
PET-SHOP-WOMAN

 

Excerto:

“Chamo-me Sapo. Quer dizer, o meu nome não é bem Sapo. É uma alcunha que já me acompanha há bastante tempo, talvez desde a Escola Primária, se não estou em erro. Bem, não tenho nada a ver com um sapo, pelo menos fisicamente. Tenho uma pele lisa, nada rugosa. Também não é verde. Tenho 1,95? 1,93? Acho que 1,95. É que cada vez que tiro o bilhete de identidade tiram-me 2 cm de altura. Se eu aceitasse esta “desmedição” contínua, mediria por esta altura 1,50. Seria um autêntico cagatacos. E eu gosto de ter a altura que tenho. Se fosse baixo, não me importava de ser baixo, mas como sou alto importo-me se não o sou “realmente”…
Bom, adiante. As raparigas ficam desesperadas quando sabem que me chamo Sapo. Tentam logo dar-me um atendimento personalizado, do género posso tratar-te pelo primeiro nome, isto é, se o tens? Pedro? Pedro Sapo? Oh, que giro. Pelo menos é original. Mas prefiro Pedro. Como queiram meus pares de presuntos. Algumas usam tanta base na cara que parecem um frango tostado com pele luzidia e gordurosa. E depois abanam-se. Caem para cima de mim como gatas com o cio. Imitam as vozes lânguidas das telefonistas de telemarketing. Simulam orgasmos tal qual uma linha de valor acrescentado. 0641 Me Liga Vai.  Rio para mim mesmo. Falam com voz de bagaço e armam-se em fatais. Para mim, fatais só os filmes. Atracção Fatal, Ligação Fatal, Destino Fatal, Arma Fatal, Instinto Fatal, Sexo Fatal, é tudo fatalizado. Tempos fatais, estes. É que já são seis da manhã, é tarde, bebemos muito, não tarda e a base desaparece, as borbulhas emergem, a falta de maquilhagem revela um rosto lívido e sem qualquer piada, o álcool é muito, o sono aproxima-se, tu és homem eu sou mulher, estás a ver, tu e eu e coisa e tal, já que estou em cima de ti por que não ir para tua casa?, cheiras bem, tens uma pele bonita, uns dentes perfeitos, uns olhos expressivos, ou nem sequer me interessas, mas é-me indiferente, salta-me para cima na mesma, tu és homem eu sou mulher, estás a ver? Que tal uma queca? Não? E se for rápida? Já, pode ser? É difícil fugir. Muitas vezes, fingia – e continuo a fingir – que estava tão bêbedo que nem conseguia andar, muito menos conduzir, e então as meninas batiam de cara na realidade. Se o gajo não consegue andar, nem sequer conduzir, quanto mais…? Não dá. Arrastá-lo é que não. É corpulento, é esforço a mais e depois pode não dar em nada. É melhor não arriscar. E eu salto de contente. Escapei-me a um leitãozinho com a minha maçã de adão na boca. Os copos a mais são a desculpa mais interessante nestes casos, são um excelente pretexto para fazer as coisas e ao mesmo tempo não as fazer. É fatal, também. Eu bem disse que estes tempos são fatais.
Estou quase nos 28 anos e vivo sozinho, mas não sou um homem temporariamente só. Tenho um gravador de chamadas e um aquário com 10 peixes vermelhos e um preto. Adoro peixes vermelhos. Observo-lhes a cauda que se arrasta pela água rasgando-a. Solteiro e disponível. I’m available or I’m trying to act like that. Gosto de trazer algumas gajinhas chatas cá em casa, armo-me em literato e prego-lhes altas secas a ler teorias da literatura ou sermões do Padre António Vieira. Bem adequado para um tête-à-tête. Desistem à primeira. Para casos mais graves, leio-lhes uns extractos (daqueles mais misóginos) do Schopenhauer ou do Wittgenstein. Às seis da manhã, é remédio santo. Começam logo a sentir-se mal, eu venho p’ráqui p’ró engate e este gajo põe-se a ler tipos tão chatos, eu quero é acção, amanhã tenho que acordar cedo, tenho uma aula, um compromisso inadiável, prometi à minha mãe não sei o quê, tenho que fazer umas massagens ao meu avô, tenho uma roupa a secar e vai chover, tenho que ir a uma reunião de Jeovás, dás-me boleia? E eu digo que sim, satisfeito da vida. Que gostaria muito do fundo do coração e que até posso continuar a ler Wittgenstein durante a viagem, quem sabe outros autores mais densos… E a rapariguinha desespera e diz-me deixa lá, eu vou a pé. Faz bem à minha dieta. E eu digo, bem que precisas. E ela pergunta-me ofendida, bem preciso de quê? E eu, de uma boleia para não ires a pé. Mas até te fazia bem, essas coxas… O que é que têm as minhas coxas? E eu, elegância mas precisam de ficar mais… E ela, “mais” quê? E eu, mais… enfim, tu sabes. A propósito, já pensaste em fazer dieta? Mas, a sério, não queres que te leve?, pergunto eu muito solidário. Não, não, deixa estar. E eu acompanho-as até à porta ainda a ler o Wittgenstein. Por vezes, puxava conversas extremamente metafísicas, será que Deus morreu ou será que existe? Elas pedem o físico e eu ofereço-lhes o metafísico. Olha, és tão giro. Não, olha que não há provas que Deus existe. Que mãos! Mas também não temos provas que Ele não existe. Tu e eu e coisa e tal. Há mesmo a necessidade de um Deus? Ser supremo és tu! Bolas, que tonta! Quais bolas? Aí, eu remato, gritando em brasileiro e dando ares de lunático “Ofereço reverências a Você de frente, de trás e de todos os lados! Ó poder ilimitado, Você é o mestre de força ilimitada! Você é o todo penetrante e dessa maneira Você é tudo!”. Vou andando, diz ela. Aí, eu calo-me. Posso dormir descansado.”

 

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